Olhar Atento: Um olhar sobre o FC Porto 2011/12

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FC Porto vintage, com um plantel recheado de talentos que têm sido mantidos com mestria e sentido de antecipação ao mercado. A época passada ficou muito perto da perfeição, através de uma equipa sólida, ciente da sua valia, com a experiência de anos consecutivos a vencer apresentando uma grande vantagem face à concorrência: parece que no Porto a ambição, capacidade de trabalho e confiança na sua qualidade nunca terão um fim! Veja-se o exemplo do Benfica da época passada para se perceber como é fácil cair-se na tentação do deslumbramento e apaixonar-se pelo seu próprio reflexo. No FC Porto, a renovação do espírito de conquista é pedra de toque da sua liderança.

O 4x3x3, consolidado “desde sempre”, surge com naturalidade como a primeira opção, já que os jogadores que são contratados têm características para o interpretar. A dinâmica imprimida pela equipa respeita os princípios de jogo da época que tantas conquistas trouxe, com pressão em todo o momento sobre o portador da bola, transições defensivas agressivas, temporização e ataque organizado quando em posse, mudança de velocidade e diagonais rápidas no ultimo terço do terrenos. Essencialmente gestão de esforço quando em elaboração ofensiva, e agressividade na recuperação da bola aquando da sua perda. 

A forma como, em constantes movimentos de aproximação frontal, os avançados abrem espaço para as entradas dos médios nas suas costas, é uma das grandes armas deste Porto. Varela e Hulk (como Rodriguez, James  ou Djalma) amiúde se “encostam” nas linhas laterais, arrastando os defesas consigo e abrindo clareiras na zona central do terreno, que Falcão explora como poucos na procura de espaço. Um Moutinho todo-o-terreno busca incessantemente linhas de passe e equilíbrios defensivos – por vezes deixa-me a impressão que o seu jogo se centra em sucessivos movimentos de cobertura ofensiva e defensiva – e Belluschi vai atacando com entrega e agressividade os espaços criados. 

Como alternativa, o 4x4x2 diamante será o sistema táctico preferido. No passado, André Villas-Boas testou-o em alguns momentos. A meu ver, nem sempre com o melhor resultado até porque não tinha os melhores jogadores para o fazer. Mas essa carência foi suprida com a contratação de um jogador com as características ideais: Danilo. Um médio de alta rotação, com uma capacidade de aproximação ao ultimo terço muito acutilante e com muita responsabilidade nos momentos de transição defensiva. Permitirá ao Porto funcionar, no meio-campo, como um harmónio, esticando o jogo para os corredores laterais em fase de construção e reduzindo espaços em movimentos defensivos, “apertando a teia” e criando curtas zonas de pressão no centro do terreno. 

A grande dúvida táctica respeita ao papel de Fernando, que tem dado autênticos tiros nos pés, contribuindo rapidamente para o desperdício do capital de confiança que havia ganho junto do clube e que chamou a atenção a boas equipas internacionais. Fernando, ainda que hoje o quisesse – e os sinais que continua a passar não o demonstra – dificilmente teria o mesmo rendimento na equipa do Porto do que nos anos passados. A clivagem criada internamente não o permitiria e está inegavelmente a condicionar psicologicamente o jogador. Encontrar um jogador que o substitua será, a meu ver, um dos pontos a afinar no plantel portista. Souza, não sendo mau jogador, não tem a mesma qualidade e dimensão na posição de trinco pois possui muito menos cultura táctica e sentido de posicionamento.

Não deixa de ser importante realçar que sem artistas de qualidade, a banda não toca da mesma forma. Será portanto fundamental perceber como serão colmatadas quaisquer eventuais saídas até fecho de mercado, até porque o plantel do FC Porto está tudo menos fechado. Hulk, Falcão, Álvaro Pereira e Moutinho são jogadores difíceis de substituir. Mas se há clube que o tem sabido fazer exemplarmente no passado, certamente é o FC Porto. 

O início de época, com a conquista do primeiro título oficial, deixa antever um Porto forte logo a partir da jornada inaugural, para combater a crença benfiquista em mais um ano de conquistas.

Por Bernardo Fernandes

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1Comentários

Não se esconda, vá a jogo!

  1. boa analise do fc porto embora discorde da relevancia ao bellushi sera seguramente guarin o 10 ou ate possivelmente james...
    continuem o bom trabalho

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