Olhar Atento: Um olhar sobre o Benfica 2011/12

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O SL Benfica apresenta-se com expectativas renovadas para a época que se inicia, como em todos os anos seguidos de épocas menos conquistadoras. Mas neste caso em particular, as esperanças encarnadas são fundamentadas na convicção de que dispõe de um plantel muito mais rico que o anterior.

Se analisarmos o 11 base da equipa, não se verifica uma melhoria imediata: Artur por Roberto, Garay por David Luiz, Capdevilla por Coentrão, Nolito por Salvio não representam acréscimos significativos. Mas os restantes elementos do plantel são efectivos reforços face aos jogadores que saíram. Se pensarmos que os desmotivados Sidnei, César Peixoto, Airton, Weldon, Felipe Meneses, Moreira foram substituídos por Witsel, Bruno César, Urreta, Emerson, Rodrigo, Nelson Oliveira, David Simão, Ruben Pinto, Enzo Perez, Matic, Eduardo e Mora, ainda que alguns destes possam não vir a incluir o plantel encarnado, é notório o aumento de qualidade e essencialmente de fibra. Tratam-se de jogadores que querem mostrar serviço e com capacidade para “morder os calcanhares” aos jogadores mais utilizados.

Se Jesus estaria de mãos atadas pela falta de opções na época transacta (basta ver que se Salvio, Gaitan ou Maxi se lesionassem, dificilmente o treinador os poderia substituir sem perda de qualidade), esta época terá um papel fundamental na gestão das oportunidades a serem dadas a cada um destes atletas.

A profundidade deste plantel permitirá que Jesus rode as opções titulares com frequência, proporcionando inclusive a mudança de sistema táctico sempre que entenda necessário. Witsel é a pedra chave pois desempenha com a mesma qualidade e regularidade as posições 10 e 7 (apesar de estranhamento Jesus ainda não o ter experimentado nesta posição) no típico 4x1x3x2 de Jesus, com o acréscimo de ser um 8 (num sistema que preconize mais um elemento no centro do campo) de excelente qualidade técnica e rigor táctico. Com Witsel, o o Benfica ganha em intensidade táctica, em particular na fase de transição defensiva, não deixando Javi Garcia tão exposto nos contra-ataques adversários, saindo depois com classe para apoiar Aimar na construção de jogo ofensivo.

Outro nome impossível de passar despercebido é o da nova coqueluche encarnada. A classe apresentada por Nolito, quer quando em posse da bola, quer quando na sua recuperação, não deixam muitas dúvidas acerca da sua utilidade. A forma como, em processo defensivo, pressiona as linhas de passe, em detrimento do jogador que cai na sua zona de marcação, é um claro indício da sua elevada cultura táctica. Tecnicamente a sua execução deixa água na boca aos amantes do bom futebol. Disputa cada lance como se trata-se da última oportunidade de conquistar uma Liga dos campeões. Típica fúria espanhola, pincelada com a inteligência e técnica da famosa escola catalã. Ainda se perde em momentos de precipitação mas encontrará em Jesus o professor ideal para saber temporizar e definir em função do momento do jogo.

Individualidades à parte, os princípios de jogo da equipa estão já presentes: pressão alta sobre o portador da bola, sectores próximos e defesa subida, rápida transição defensiva e posse de bola abusiva. Os movimentos de cobertura ofensiva e defensiva são cada vez mais apurados e a confiança que parece emanar, inclusive no bom ambiente no plantel, permitirá que os jogadores de maior classe comecem a mostrar a sua criatividade.

Pretendemos um campeonato forte, uma luta sadia e bem disputada, na qual o futebol português seja o principal beneficiário. A aposta encarnada na constituição deste plantel procura marcar um cunho nesta ambição.

Não vejo alternativa que não seja colocar a fasquia elevada!

Por Bernardo Fernandes

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